segunda-feira, 25 de abril de 2016

Especialistas descartam pandemia de zika na Europa, mas não casos isolados

Especialistas reunidos em um congresso internacional e multidisciplinar organizado pelo Instituto Pasteur de Paris descartaram que exista risco de uma pandemia do zika na Europa nos próximos meses, mas disseram que é muito possível que apareçam casos isolados autônomos.
"O risco de uma pandemia no sul da Europa em 2016 parece frágil. No entanto podem aparecer casos isolados", declarou em entrevista coletiva durante a abertura do congresso Jean-François Delfraissy, diretor da Agência Francesa de Investigação sobre a AIDS e as hepatite víricas (ANRS).
O diretor do Instituto de Investigação para o Desenvolvimento (IRD) no sul da França, Frédéric Simard, precisou que uma possível transmissão do vírus por via sexual na Europa teria "pouca importância em nível de saúde pública".
No entanto, a assistente do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Marie-Paule Kieny, ressaltou que com a chegada das temperaturas quentes à Europa, "a possibilidade de uma transmissão local combinada com possíveis transmissões por via sexual poderia se traduzir em um aumento significativo do número de pessoas infectadas por a zika".
O zika é transmitido aos humanos através do mosquitos fêmea do tipo Aedes, o mesmo que transporta doenças como a dengue, a febre chicungunha e a febre amarela.
Na Europa, especialmente, no sul da França, na Espanha e Itália, está presente entre maio e novembro o Aedes albopictus, comumente conhecido como "mosquito tigre" pelas listras brancas que apresenta nas extremidades.
No entanto, os cientistas descartam a possibilidade de que este inseto transforme o vírus em uma pandemia na Europa porque nem as "condições meteorológicas e nem socioeconômicas são as mesmas" que as da América Latina, onde o zika se estendeu pelo Brasil, Venezuela, Paraguai, Colômbia, El Salvador, Guatemala, México e Panamá, entre outros.
Segundo a representante da OMS, a epidemia de zika está em regressão no Brasil, mas ainda não foi possível erradicar de um país onde foram detectados entre 440 mil e 1,5 milhão de casos desde sua aparição em maio de 2015. No conjunto da América acredita-se que pode haver cerca de 4 milhões de casos.
O zika, identificado pela primeira vez em Uganda em 1947, se encontrou pela primeira vez nos seres humanos em 1970 em países africanos como a própria Uganda, Tanzânia, Egito e Senegal, e depois em alguns países da Ásia como a Índia, Malásia, Filipinas e Vietnã.
A maioria das pessoas infectadas, entre 70% e 80%, não desenvolvem nenhum sintoma e no resto da população se manifesta através de sintomas similares aos de uma gripe, como fadiga, febre, dor de cabeça e dores musculares e nas articulações.
No entanto,a população com maior risco são as mulheres grávidas, especialmente nos primeiros seis meses de gestação, pois a zika pode causar complicações no feto, como a microcefalia.
Faltando uma vacina, que os cientistas esperam começar a ensaiar clinicamente no final de 2016, a única forma de combatê-lo é proteger-se das picadas dos mosquitos.
Em paralelo, se tenta reduzir as populações dos insetos portadores com fumigações.
Esses e outros aspectos das pesquisas sobre um vírus do qual não se tem muita informação, como a preservação da zika no corpo humano e o risco de transmissão por via sexual, serão analisados por mais de 600 especialistas entre hoje e amanhã no Instituto Pasteur de Paris.

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